Organização Nacional de Centros de Oncologia e Hematologia

O meio ambiente é responsável por 80% dos casos de câncer. Fumo, má alimentação, excesso de álcool e radiação solar estão entre os principais causadores da doença.

Cerca de 80% dos casos de câncer está relacionada ao meio ambiente, onde encontramos um grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e outros locais de trabalho), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) e o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). Eles podem determinar diferentes tipos de câncer. Abaixo destacamos alguns dos principais fatores:

Tabagismo

Muitos estudos desenvolvidos até o momento evidenciam que o consumo de derivados do tabaco causa quase 50 doenças diferentes, principalmente câncer, doenças cardiovasculares (infarto, angina) e doenças respiratórias obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite). O tabagismo ainda pode causar impotência sexual no homem, complicações na gravidez, aneurismas arteriais, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e trombose vascular.

Estima-se que o tabagismo é responsável por:

  • 200 mil mortes por ano no Brasil (23 pessoas por hora);
  • 25% das mortes causadas por doença coronariana – angina e infarto do miocárdio;
  • 45% das mortes causadas por doença coronariana na faixa etária abaixo dos 60 anos;
  • 45% das mortes por infarto agudo do miocárdio na faixa etária abaixo de 65 anos;
  • 85% das mortes causadas por bronquite e por enfisema;
  • 90% dos casos de câncer no pulmão (entre os 10% restantes, 1/3 é de fumantes passivos);
  • 30% das mortes decorrentes de outros tipos de câncer (de boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo de útero);
  • 25% das doenças vasculares (entre elas, derrame cerebral).

O risco de manifestar essas doenças diminui gradativamente ao parar de fumar, já que o organismo do ex-fumante vai se restabelecendo.

Alcoolismo

O consumo de bebidas alcoólicas é tão aceito socialmente que muitas pessoas não imaginam que elas são drogas potentes. A relação entre álcool e câncer tem sido avaliada, no Brasil, por meio de estudos de caso-controle. Eles estabeleceram a associação epidemiológica entre o consumo de álcool e cânceres da cavidade bucal e de esôfago.

O uso combinado de álcool e tabaco aumenta ainda mais o risco de câncer nessas e em outras localizações, como a faringe e a laringe supraglótica. O alcoolismo está relacionado entre 2% e 4% das mortes por câncer, implicado que está, também, na gênese dos cânceres de fígado, reto e, possivelmente, mama. Além disso, é agente causal de cirrose hepática em interação com outros fatores de risco, como o vírus da hepatite B.

Os estudos epidemiológicos têm demonstrado que o tipo de bebida (cerveja, vinho, cachaça, etc.) é indiferente. O etanol, propriamente, parece ser o agente agressor. Essa substância psicoativa tem a capacidade de produzir alteração no sistema nervoso central, podendo modificar o comportamento dos indivíduos que dela fazem uso.

O uso contínuo do álcool causa muitas doenças neurais, mentais, musculares, hepáticas, gástricas, pancreáticas e o próprio câncer. Isso sem falar nos problemas sociais que estão associados à ingestão de bebidas alcoólicas: acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, faltas ao trabalho e atos de violência.

O conselho para as pessoas que optarem por beber álcool é que limitem o consumo para menos de duas doses por dia para homens e menos de uma para mulheres. Mulheres grávidas, crianças e adolescentes não devem ingerir bebida alcoólica em nenhuma circunstância.

Hábitos alimentares

Muitos componentes da alimentação têm sido associados com o processo de desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon (intestino grosso), reto, próstata, esôfago e estômago.

Há alguns tipos de alimentos que, se consumidos regularmente durante longos períodos, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação.

Nesse grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, linguiças e mortadelas.

Existem também os alimentos que contêm níveis significativos de agentes cancerígenos, como os nitritos e nitratos. Eles são usados para conservar alguns tipos de alimentos (picles, salsichas, embutidos e alguns tipos de enlatados) que se transformam em nitrosaminas no estômago. Essas substâncias têm potente ação carcinogênica e são responsáveis pelos altos índices de câncer de estômago observados em populações que consomem alimentos com essas características de forma abundante e frequente.

Já os defumados e os churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, substância também encontrada na fumaça do cigarro e que tem conhecida ação carcinogênica.

Os alimentos preservados em sal também estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de estômago em regiões em que é comum o seu consumo. Exemplos desses alimentos são carne-de-sol, charque e peixes salgados. É interessante observar a quantidade de sódio nas tabelas nutricionais dos produtos antes de comprá-los.

Medicamentos

Apesar da valiosa contribuição para o controle de muitas doenças, a incorporação de medicamentos à prática médica produz também efeitos indesejáveis, entre os quais a carcinogênese.

Entre alguns estudos, podem ser citados:

  • O efeito carcinogênico incontestável da clornafazina e do melfalan;
  • A evidência que o clorambucil, o tiotepa e a ciclofosfamida são indutores de leucemias e câncer de bexiga;
  • Supressores imunológicos, como a azatio-prina e prednisona, já foram relacionados com linfomas malignos e com o câncer de pele. Quando administrados a transplantados, elas aumentam, agudamente, o risco de desenvolver o linfoma linfocítico e outros tumores malignos nesses pacientes;
  • A fenacetina tem sido responsabilizada por tumores da pelve renal;
  • A comprovação da relação entre o uso de dietilestilbestrol por mulheres grávidas e o desenvolvimento de adenocarcinoma de células claras de vagina em suas filhas, expostas in útero ao hormônio;
  • O uso de estrogênios conjugados para o tratamento dos sintomas da menopausa correlaciona-se com uma maior ocorrência do câncer de endométrio. Há alguns estudos que relacionaram o câncer de mama com o uso prolongado de contraceptivos antes da primeira gravidez.

Radiação Solar

No Brasil, o câncer mais frequente é o de pele e corresponde a cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados. A radiação ultravioleta (UV) natural, proveniente do sol, é o agente de maior responsabilidade.

As pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada e frequente, por atividades profissionais e de lazer, constituem o grupo de maior risco de contrair câncer de pele, principalmente aquelas de pele clara. Para a prevenção, não só do câncer de pele como também das outras lesões provocadas pelos raios UV, é necessário evitar a exposição ao sol sem proteção.

É preciso incentivar o uso de chapéus, guarda-sóis, óculos escuros e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre. É necessário evitar a exposição em horários em que os raios ultravioletas são mais intensos, ou seja, das 10 às 16 horas.

Recomenda-se o uso de filtros solares com FPS de 15 ou mais que reduzem os efeitos prejudiciais da radiação ultravioleta. Os filtros solares devem ser aplicados antes da exposição ao sol e reaplicados após nadar, suar e se secar com toalhas.

Também se deve escolher um produto que proteja contra os raios UV-A. É importante observar na compra que nem todos os filtros solares oferecem proteção completa para os raios UV-B e UV-A.

Além disso, os filtros solares suprimem os sinais de excesso de exposição ao sol, como as queimaduras. Isso leva as pessoas a se exporem excessivamente às radiações que eles não bloqueiam, como a infravermelha. Criam, portanto, uma falsa sensação de segurança e encorajam a uma maior exposição ao sol.

Considerando-se que os danos provocados pelo abuso de exposição solar são cumulativos, é importante que cuidados especiais sejam tomados desde a infância mais precoce.

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